quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Vida, amor, livros, flores, música, arte


Life can deprive us of freedom, of health... but cannot take away from us our thoughts or our imagination, and there is always love, music, art, flowers, and books. And the passionate interest in everything.

Arthur Rubinstein, My young years

sábado, 22 de dezembro de 2007

Parabéns! Rememorar, comemorar...

Celina Portocarrero recebeu o Prêmio Açorianos de Literatura. Seu prêmio veio pelas mãos de Proust: Um amor de Swann, da L&PM Editores. Edição agora consagrada na categoria Tradução em Língua Francesa... Parabéns à tradutora e poeta...

Para celebrar, seu poema Infância, na páginas de literatura e espanto do Dubito ergo sum. Para rememorar... e comemorar.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Haicais de Jiddu, lâmina e pluma...

Para Adriana, um haiquase do Jiddu, amigo meu e também
mímico, poeta, na sua mistura suave de norte e sul do Brasil.

TANGERINAS
NA CASA AO LADO
O DIA TODO PERFUMADO



Depois de visitar o marrom coisa-do-outro-mundo...

e a capa coisa-do-outro-mundo...

voltei para deixar mais estes tercetos, alguns dos meus favoritos.
A Haikaica de Jiddu, como ele os apresenta. Em lâmina e pluma:


ANDORINHAS NO CÉU
VOANDO: UM BANDO
DE PAPEL PICADO


AO LADO DO SAPO
A PEDRA
COAXA


BÚFALOS
NO PASTO
RUMINAM O VERDE

Do crepúsculo ao outro dia (T'ai editora digital)

Rakushisha. E em duas folhas se abre. A foto.



MAL GERMINOU
E EM DUAS FOLHAS SE ABRE
SEMENTE DE CAQUI

Da cabana de Basho, um haicai traduzido pela autora de Rakushisha, a Adriana Lisboa. E quem visitar seu blog agora, verá uma foto belíssima. Li o romance num só fôlego. Entre impressões marcantes, um pedaço ficou, procurando-me, curiosamente antecedia exatamente os versos acima.
Leio onde está 27 de junho:

“Imagino o motivo de ter esquecido como se chora. Talvez a água das lágrimas atrapalhe o caminho. Talvez deixe os mapas nublados.” [...]

E sigo as linhas até o silêncio:

“Entrei na banheira, a água apenas ligeiramente morna, hoje está um pouco mais quente do que ontem eu acho. Meu corpo se disfarçou sob a água e sua nata de sabão. Os joelhos dobrados ficaram de fora. E os pés, apoiados na borda da banheira.
Tentei. Fechei os olhos e tentei. Quem sabe imersa ali, no elemento irmão, eu pudesse voltar a produzi-las, a convencer as glândulas a interromper sua greve, seu retiro, a lutar contra sua disfunção.
Nada. Ou talvez algum sinal, um peso novo subindo pelos ossos do meu rosto, como se eu estivesse quase conseguindo? Um peso tão discreto, tão suave que eu poderia nem ter percebido.
Mas os olhos continuaram secos. Afundei a cabeça na água, o silêncio estranho do elemento que não é nem nunca foi o meu tapou meus ouvidos. Meus cabelos transformados em algas de algum pequeno mar anônimo. O rosto ficou de fora. Seco.”


*



Das Leben der Anderen. A Vida dos Outros


"Parece, portanto, que homens e mulheres falham igualmente. Parece que não conhecemos em absoluto uma opinião profunda, imparcial e absolutamente justa sobre nossos próximos. Ou somos homens, ou somos mulheres. Ou somos frios, ou somos sentimentais. Ou somos jovens, ou estamos envelhecendo".

Virginia Woolf. Depois do filme, em algumas palavras.

domingo, 9 de dezembro de 2007

Ayer el mar era una ausencia

Hoy he sabido la verdad.
Mi casa estuvo cerrada
todo el tiempo.
Yo alejado y usted más lejano aún
entre sus sueños.
Al regresar, alguien ha dicho:
"le estuvieron esperando ayer
toda la noche",
y me dieron las señas que a usted
le corresponden.
Más tarde, entre el estupor de la noche
y mi cansancio,
he recebido la noticia
que aún arde entre los vagos lirios
de la frente:
"Su alumno Francisco ha muerto
ayer temprano."
Ayer temprano el mar era una ausencia,
era sólo un pretexto de la cansada tierra.
El cielo germinaba sus palomas,
y las nubes
brillaban como una anunciación.
Mas hoy dejo abierta mi casa
al aire de la noche
para que pueda usted entrar.
Carlos Galindo Lena
A foto: um dia de dezembro... na antiga estação de trem. Jovellanos, Matanzas... Cuba

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Mar afora. Galeria: Retratos

Recorto aqui um enigma e duas pérolas do livro Retro-Retratos, de Celina Portocarrero, publicado pela 7Letras.
Mar afora, uma pausa. E dois poemas breves.


mar afora


Disse-nos um dia
o mestre
que navegar era preciso:
obedecemos.

Ainda que viver
não seja preciso
esqueceu-se o mestre
de ensinar o ancorar:
perdemo-nos.

Resta a quase imorredoura
pouco importa
se ilusória ou vã
bússola que nos aponte
o caminho do esquecer:
sonhemos.





de armas e bagagens


Meu corpo se muda.
A alma? Anda muda.



à beira de um almodóvar


E se ataques não tiver,
se algum drama não fizer,
como conservar a calma
nessa alma
de mulher?

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Maria Cachucha. Galeria: Retratos.


Para quem conhece a atriz Regina Gutman, não será difícil reconhecê-la no conto Maria Cachucha, do meu primeiro livro, Escola de Gigantes. Regina Gutman é também a palhaça Vovó Passarinho, é ela na foto com o livro de Fellini nas mãos... Leitora invejável, passeia entre os russos: da antologia de contos de Tchekhov traduzidos por Boris Schnaiderman, montou “Queridinha” no Teatro Sergio Porto. Às vezes podemos vê-la no programa Arte com Sergio Britto, com quem colabora na pesquisa de textos, traduções, leituras dramatizadas... e outras habilidades como as que inspiraram o conto. Além dos personagens no palco, ainda vira personagem de livro. É um prato cheio. Quem a conhece, sabe disso.


MARIA CACHUCHA

“[...] Diante do espelho da cômoda gigante, armário alto e antigo, Maria Cachucha desfaz o penteado. Os cachos têm o cobre da madeira, como se tomassem emprestado a tinta do vestido para combinar as cores. Caracóis soprados da testa atropelam os ombros, duplicam-se no espelho. Quem observasse de longe veria de uma só vez duas Marias, dois vestidos, dois vermelhos, duplicadas estampas de sóis e luas. Até o fim da ilusão: a porta do armário se abre e somem as duas, à procura de qualquer coisa escondida. Mas fechada a porta, nada na mão nem de uma Maria nem da outra. É que às vezes é fechar e abrir só por gosto, como se faz com os olhos e com as gavetas.
[...] Um dia, embravecida, Cachucha deu com o mofo no armário. Entristeceu-se até que descobriu: os respiradouros estavam tapados com tinta. Daí inventou grande tarefa, reconstruir furo por furo, com a pontinha da velha tesoura de unha. Operação cautelosa que deveria durar vários dias, o suficiente para o armário encher de ar os pulmões. Portas infladas como o ar emburrado das bochechas. Assim, a cada dia, uma nova tarefa aparece, sem que se saiba bem de onde. Tal como trocar a lâmpada do abajur feito de bolinhas de gude: há que se despejar todas as bolinhas no chão – para o deleite dos gatos. Os gatunos já contam com esses detalhes miúdos da arrumação da casa e ficariam ofendidos se não fosse assim, sempre ao avesso, a arrumação das coisas. ”
Escola de Gigantes, 7Letras
A foto é do Celso Pereira, num flagrante da performance das atrizes (Mônica Müller e Fabiana Poppius) no caminho para o Jardim Botânico, no dia em que inventamos um circo na praça.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Está no ar a primeira edição de “Histórias Possíveis”, revista literária virtual criada pelo André de Leones.

O endereço é:

http://historiaspossiveis.wordpress.com

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Laferrière e Nabokov. Des papillons. Estudo das borboletas.


Estudo de borboletas
sobre Dany Laferrière e Vladimir Nabokov.
A fita serpenteia não por acaso.
Serpente, borboletas e arlequins.
Y mariposas..
et des papillons..
And butterflies...
i babotchkie!
und Schmetterling.

Laferrière...Nabokov... e suas paisagens


Des pays et des paysages...
de LAFERRIÈRE et NABOKOV.
Port-au-Prince
e
Petersburgo.
Nothing is by chance.. Nada é por acaso. As duas fotos saíram lado a lado entre aquelas de vários países no Jornal do Brasil.
Enquanto eu passeava pelas duas paisagens
para escrever meu romance, que começa a partir de um encontro com os dois autores... Dany Laferrière e Vladimir Nabokov.

sábado, 10 de novembro de 2007

Performance e filmes







Durante a filmagem.




Pare, olhe e veja.




Quem posa para quem?










Performance e diversas linguagens no filme curta-metragem com título provisório "O teste", direção de Eunice Gutman.


Contracenam artistas do circo, teatro de revista e um convidado especial...
Quem será?

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Apresentando...



La très petite Rodine.




Das kleine kleine Rodinchen

Malenkaia malenkaia Rodinska

La chica chiquita Rodija

La très petite Rodine

quinta-feira, 8 de novembro de 2007


Os des-
conhecidos.
Eles têm
larga parte
em nosso destino
que dia
após
dia completa.
rainer maria rilke

domingo, 4 de novembro de 2007

entre trancos e tamancos



Entre trancos e tamancos

o traço aponta o astro

invisível no papel.

A poesia toda prosa

bate o pé,

dança que se balança,

morde a linha

que se lança

em mímica

até o

céu.

.