quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Papéis, a..penas... papéis.



Na cena sou vista e vejo também: a vida da cena, dos objetos. Deslizo, perigosamente, como um corpo que deixasse de protagonizar seu próprio enterro. Esse é o lado que escreve. Saio da cena direto para o burburinho da sala. Como se num espanto acompanhasse o amigo querido – por que chora? – no seu gesto de inclinar-se sobre o caixão.
Rápida, volto em seguida, no tropeço entre uma casa e outra. Mas vale o risco. Atuar, escrever, intercalar papéis, inventar papéis. Transitar entre duas casas é também deixar pistas. Como acordar do sonho e encontrar um bilhete que só no sonho eu poderia ter escrito. Depois disso, como tarda a noite a chegar. Aumenta o tempo de espera até avistar na penumbra: lá vem o sonho outra vez.